
Quais são suas influências? O que/Quem te inspira?
Viagens me inspiram, conversas com amigxs, o simples fato de andar na rua, as pautas sociais que estão sendo discutidas no momento. Você só consegue pôr para fora o que absorveu, o conteúdo do seu trabalho está intimamente entrelaçado à vida cotidiana. Às vezes vejo alguma coisa horrível acontecendo e começo a pensar o que posso fazer através do meu trabalho. Isso é um tipo de inspiração.
Em relação a pessoas e influências, minha musa inspiradora é a Kveta Pacovska, artista tcheca que tem um trabalho muito sensível com pintura, cores, formas. Cada página de um livro dela dá um quadro, ela é uma estrela guia para mim. Também sou muito fã do trabalho das ilustradoras brasileiras Laura Teixeira, Elisa Carareto, Larissa Ribeiro, Nara Isoda, Sandra Javera, Catarina Bessel e da portuguesa Catarina Sobral, muitas dessas mulheres tem um trabalho experimental com materiais e colagens que é o que me interessa mais no momento. Curto muito o modernismo brasileiro e o trabalho de Picasso.
Foi importante para você trabalhar independentemente?
Sim. Como eu passei a gerenciar a minha própria rotina, passei a ter tempo para desenvolver meus trabalhos pessoais. E isso passou a enriquecer os trabalhos profissionais.
Um dos maiores desafios é separar trabalho da vida pessoal. Como meu estúdio fica em casa é muito fácil eu misturar os dois, levantar para beber uma água e terminar lavando a louça e estendendo a roupa (risos). Pode acontecer do trabalho invadir o fim de semana, coisa que em teoria não acontece em um escritório. Tenho sempre que estar muito atenta para não virar uma máquina que precisa estar produzindo e rendendo 100% do tempo. A solidão também é uma reclamação recorrente de quem trabalha em casa, por sorte tenho um companheiro de estúdio e de casa que ajuda a equilibrar o jogo. Sempre que possível eu tento ver amigos, fazer cursos aleatórios para conhecer gente nova e participar de eventos.









O que te motiva no design?
Os momentos em que toco meus trabalhos paralelos, quando posso criar experimentalmente sem amarras, testar materiais e técnicas novas. É um momento de muita liberdade que me traz muita satisfação pessoal.
Recentemente falei com uma amiga e ela disse que ilustradores são contadores de histórias, achei essa fala muito real. Somos responsáveis por criar essas imagens que alcançam milhares de pessoas através das publicações e que de certa forma expõem nossas visões. A responsabilidade é grande e a mensagem é potente. Isso é bem motivador, usar o trabalho para quebrar estereótipos, representar minorias e contribuir para atualizar as imagens que permeiam o inconsciente coletivo.
Por que você acha que tantas mulheres escolhem começar seus próprios estúdios?
A área de publicidade é uma das mais machistas, com uma predominância de homens em cargos altos. Escuto muitas meninas na área do design dizerem que não se sentem respeitadas, que suas opiniões não são levadas em consideração e sabemos que estatisticamente as mulheres ganham menos do que homens. Tudo isso somado dá um bom motivo para desejar ter seu próprio negócio. Outro ponto é que o sistema de trabalho de 8h por dia é muito ultrapassado, sua vida toda acaba girando em torno disso sem deixar espaço para seus interesses pessoais. A vida de freela com certeza tem seus riscos e instabilidades, mas permite que você consiga gerenciar melhor o seu tempo.
explore mais o trabalho da ana!
