
Em qual extensão você acha que seu gênero afetou seu trabalho?
No decorrer da minha carreira não senti preconceito por ser mulher em geral, pelo menos não que tenha percebido. Acho que isso se dá ao fato de que eu trabalhei por conta desde muito nova, acho que essa discriminação se dá com mais força em ambientes de agência / empresa. Felizmente, estamos num momento de conscientização da igualdade de gêneros, então hoje em dia os organizadores de equipes de trabalho e de eventos prestam muita atenção em ter 50% de mulheres como participantes, algo de extrema importância. Muitas vezes eu acabo me encaixando nesse grupo de artistas visuais mulheres, até porque estou envolvida em alguns projetos feministas. Estamos vivendo a questão de representatividade feminina em muitos setores, e o que me cabe é representar dentro do mundo das artes visuais.
Quais foram os maiores desafios em seu trabalho como designer?
Dentro do mundo digital/tecnológico eu tenho algumas dificuldades, acho que sou uma pessoa meio analógica ainda. Para mim é um desafio aprender novos softwares, mexer com web, atualizar site/portfolio, essas coisas. No mundo de técnicas manuais eu me garanto melhor, mesmo que sejam técnicas novas. Ano passado, por exemplo, tive um trabalho que consistia em fazer doze posters em lettering feito à mão, cada um com uma técnica manual diferente. Tive que fazer coisas que eu nunca tinha feito, como papel marmorizado, poster bordado, entre outros. Processos que eu não me sentia à vontade, mas ainda assim, dentro desse mundo manual eu navego bem.








Quais são suas influências? O que/Quem te inspira?
Eu acho essa uma pergunta difícil de responder, pois sinto que minhas influências estão sempre mudando. Por exemplo, ano passado fui na exposição de um artista norte-americano incrível chamado Kerry James Marshall e imediatamente ele se tornou uma referência para mim. No mundo do lettering, me inspiro por colegas super talentosos e hard workers como Jessica Hische, Martina Flor, Ken Barber, e alguns mais clássicos como Louise Fili, Herb Lubalin, Tony di Spigna, Tom Carnase, para mencionar somente alguns 😉 Mas me inspiro muito em outras áreas da cultura também, principalmente nos campos do cinema, artes plásticas e música.
O que você acha que mulheres podem fazer para criar uma indústria mais igualitária?
Eu acho que os espaços tem que ser conquistados, dificilmente os homens vão abrir mão de seus espaços por vontade própria, certo? Desenvolver ambientes de discussão feminina onde as mulheres se sintam seguras e à vontade para se expressar, em contrapartida àqueles espaços que em geral são muito masculinos dentro do mundo do trabalho. Tentar abrir espaço para esse ambiente acolhedor, tentar levantar discussão e questionar os padrões do establishment e exigir igualdade dentro de eventos e pequenas comunidades são alguns exemplos do que podemos fazer.
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